domingo, 17 de dezembro de 2006

Por água abaixo

Por água abaixo (Flushed Away, Ing/EUA, 2006)
Animação - 83 min

Último filme do ano animalesco das animações, “Por água abaixo” consegue fazer rir adotando velhas fórmulas do gênero. A risada não é acompanhada de uma estória que seja assim tão nova, mas o charme britânico que a ronda torna-a eficiente.

Quando citei o ano animalesco, simplesmente estava traduzindo o que 2006 foi para os filmes de animação. Afinal, quase todos os filmes – que não foram poucos – tinham animais como protagonistas da história. Enquanto uns agradaram, como Os sem-floresta (o melhor) e A era do gelo 2, outros serviram como esquecíveis passatempos, como O segredo dos animais (o pior) e O bicho vai pegar. E como o resultado de tanto filme é bilheterias quase sempre satsifatórias, ano que vem teremos muito mais, como o esperado Ratatouille (da Pixar), que esperamos não ser uma cópia desse novo filme, também com ratos. Na verdade, esperamos agora que tenha um destino parecido.

Não bastasse sua rápida metragem, o filme passa muito rápido devido a agilidade do roteiro, que não quer ficar segurando o filme com maiores aprofundamentos de personagens. Afinal, é uma animação, isso não é preciso, é? Nem preciso lembrar que “Procurando Nemo” foi um tremendo sucesso por causa de suas personagens bem estruturadas. Não que os ratinhos não tenham suas personalidades características, mas o filme é altamente previsível, pois assim o são suas personagens. De seu início até o final, para tentar dissolver a previsibilidade, temos os momentos cômicos com as lesmas cantantes e gritantes ou com a trupe de sapos franceses para nos lembrarmos com mais carinho do filme. Apesar disso, as personagens têm carisma, o que ajuda o filme a cativar o espectador. Há momentos inspiradíssimos para cada personagem, sendo que destaco os capangas ratos do vilão Sapão, uma figura a parte também destacável. Dessa vez, o estúdio Aardman digitalizou sua velha massinha utilizada em “A fuga das galinhas” e no oscarizado “Wallace e Gromit – A batalha dos vegetais”, o que manteve o charme de sempre, com imperfeições propositais, de uma forma mais ágil (já que digitalemente, a economia maior foi no tempo de confecção) mas mais artificial (já que antes era algo bem sólido). Permitindo-se então fazer mais coisas que não eram muito viáveis com a massinha, o filme explora o mundo subterrâneo dos esgotos de forma interessante, embora às vezes claustrofóbica demais.

Apesar de obedecer a fórmulas prontas para agradar os públicos mais jovens, o filme ainda teve um charme diferente na utilização delas. Charme este que nos faz rir de velhas piadas e gostar do filme mesmo assim, embora lembremos depois que dali não tiramos nada essencialmente novo, mas que a essência era justamente a comicidade inteligente que esperávamos do filme.


Cotação: 7/10

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