terça-feira, 19 de dezembro de 2006

Xuxa Gêmeas

Xuxa Gêmeas (Idem, Brasil, 2006)
Comédia - 81 min

Como prova de que o cinema é democrático, chega um novo filme voltado ao público infantil. Lembrando-se de que existem cineastas cientes de que um público fiel gera lucros, chega o novo filme da Xuxa. Esquecendo-se que o cinema é antes de tudo uma arte, chega aos cinemas “Xuxa Gêmeas”.

Admito logo que talvez por ter crescido enquanto Xuxa era um sucesso para a criançada admiro a apresentadora. Incrível como muita gente só consegue detratá-la, seja pelo seu passado, pelos seus programas ou por qualquer outra razão. Ela faz sucesso atualmente com suas premiadas coletâneas “Xuxa só para baixinhos”. Não há dúvidas, para mim, de que ela realmente goste de trabalhar com crianças. Perante a aculturação americana de nosso e qualquer país, verificou-se que essa mesma criança é um ótimo público de cinema. Daí, com a escassez de filmes brasileiros (os infantis, claro), Xuxa resolveu fazê-los. E fazendo-os, me forneceu uma razão mais plausível para que muitas pessoas a detratem.

Não é para menos que esse é um dos piores filmes que trazem seu nome. Não bastasse a direção louca e espalhafatosa de um Jorge Fernando que não perde a oportunidade de mostrar a cara em seus trabalhos, o filme traz uma trama velha, com personagens fracos e até mesmo ridículos. É Xuxa em dobro nesse filme. Certo momento você vê a sonsa e boazinha Mel. No outro, a caricata e malvada Elisabeth. Esta significou para mim o momento mais engraçado da projeção, pois em sua primeira aparição (numa reunião na empresa da qual é presidente) manda e desmanda tudo de ruim que pode acontecer numa empresa para os empregados, o que de tão ridículo tornou-se hilário. Mel mora na favela mais pacífica do mundo e se apaixona por um artista do espetáculo de Beto Carrero sem sequer ter tido um contato com o rapaz. E essa paixão rola até mais da metade do filme quando finalmente se conhecem e se apaixonam rapidamente. Falar da fotografia, da cenografia, da edição do filme é dizer que todas chegam em momentos sofríveis. A cópia de “Esqueceram de mim” é o que o próprio nome diz, uma cópia, e das mais mal disfarçadas que já vi, tomando como vilões os dois porteiros do programa Zorra Total da Globo. Outro momento engraçado é um número musical no meio do filme, em que a boa Xuxa canta de amor pelo homem que nunca viu sem ser pela televisão e a má Xuxa canta que é “má”. Simplesmente vergonhoso, pois não consegui conter a gargalhada, e ninguém estava me acompanhando. Não posso me esquecer da lamentável participação de Ivete Sangalo, que por amizade resolve aparecer no filme para cantar e brincar de atuar.

Embora o filme divirta as crianças que não escolhem nada melhor para ver, seja porque não podem ou porque não querem, essa diversão é um tiro pela culatra. Querendo ser a verdadeira rainha dos baixinhos em todas as mídias, Xuxa diverte a criançada a curto prazo. Assim que as crianças crescerem, deverão notar a falta de conteúdo desse verdadeiro caça-níqueis. Se notarem.


Cotação: 0,5/10

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