domingo, 29 de abril de 2007

Crise cinematográfica?

Frente a (mais) um período de desatualização, tenho uns comentários a fazer. O cinema, afinal, não pára de criar cada vez mais peças de sua história, e eu tenho desacelerado meu sempre frenético ritmo. Seria enfim o retorno a tão chamada normalidade, habilidade que não posso atribuir a minha paixão por filmes?

A explicação é na verdade bem simples: universidade. Quem estuda comigo sabe que no período em que estou, não se deve 'perder' muito tempo com atividades alheias. Claro que não é para morrer socialmente, mas o nível de entrega não só horária mas também psicológica aos estudos é maior (e minha consciência quando pesa não é nada leve). Foi justamente por causa destes que chegou o primeiro dia do ano sem filmes, 11 de abril. Foi mais cedo que ano passado (maio), mas não havia estudos na época. Essa interrupção foi até proveitosa, afinal minha preocupação diária de manter a constante de um filme por dia chegava ao ponto de escolher filmes para acabar quase às 3 ou 4 da manhã, para então acordar cedo e ir para a aula. Eu transformei uma meta em uma obssessão que diminuiu um pouco o cinema no seu prazer.

Mas nada diminui de fato o Cinema com C maiúsculo, uma de minhas grandes paixões. Se não foi paixão que me levou a ver Os Infiltrados nove vezes nos cinemas, Chicago já na contagem das vinte e uma vezes, entre outros filmes com ainda mais vezes que estes, foi alguma outra força interna que simplesmente me afasta da normalidade já citada. Como acredito que o homem feliz é aquele que sabe direcionar equilibradamente suas paixões e anseios, minha cota de filmes está reduzida. E essa minha paixão louca é tão extraordinária que eu não consigo esse equilíbrio perfeito. Felizmente, posso fazer o que diz minha música favorita, "Try" (tentar), e seguir em minha própria normalidade, afinal o anormal é o desvio do que você faz, e nada em comparação com que os outros fazem.

Assim, eu não deixei de ver filmes nos cinemas, apenas tenho acumulado eles e visto aos poucos. E ainda antes disso, o hábito de vir atualizar o blog havia decaído completamente, já que não consigo chegar a poucas palavras para opinar sobre a maioria dos filmes (o que bate de frente justamente com o principal dos problemas: tempo). Esse texto mostra o quanto pesa minha consciência, a qual também tenho de que isso vai ser passado.

Ainda bem que vou agora ao cinema, porque com toda essa conversa aqui, não ver um filme hoje à noite (um domingo com clima de feriadão) seria risível, assim como sei que será a seriedade como encarei essa 'crise cinematográfica' naquele passado.

domingo, 8 de abril de 2007

As férias de Mr. Bean

As férias de Mr. Bean (Mr. Bean's Holiday, Inglaterra, 2007)
Comédia - 90 min

O velho e bom Mr. Bean reaparece fazendo piadas nos cinemas 10 anos depois de seu filme-produto do sucesso de sua série de televisão. Confesso que não vi esse filme, mas de um jeito ou de outro já vi o personagem na televisão em diversas oportunidades. Uma criança adulta que alterna entre momentos de absoluta esperteza e de incrível falta dela (para não usar termos pejorativos).

Acontece que esse novo filme faz rir justamente pela personagem de Rowan Atkinson, mundialmente conhecido como o personagem-título (mas de outros filmes como Johnny English, Scooby Doo e Simplesmente Amor). Sua interpretação é muito eficiente, afinal praticamente nada soa forçado em sua construção por vezes hilária. Como li em algumas críticas, sua comédia é física, nada como uma Wanda Sykes (A sogra, Minha super ex-namorada) que faz graça (não para mim) com suas falas estereotipadas. Momentos como a cena do restaurante e da interpretação musical de rua são indescritíveis em seu humor devido ao talento do ator nesse tipo de comédia. Há cenas engraçadas e outras nem tanto não por causa dele, mas pela escrita em si, já que o filme não foi escrito por nenhum dos dois criadores do personagem (um deles o próprio Atkinson). Além disso, a conexão entre as sequências cômicas nem sempre são tão satisfatórias, jogando cenas de pura comédia entre cenas que construam uma certa linha de roteiro que culmina pelo menos bem engraçado. A crítica feita a diretores que trabalham para si mesmos e não pelo cinema está impressa na personagem de Willem Dafoe (Homem-aranha, O plano perfeito), cujo filme exibido em Cannes é hilário pela capacidade do diretor dentro do filme de mantê-lo sempre em destaque em toda cena do filme (aquele dentro do filme). O elenco de apoio, porém, não faz nada demais. A estrela é Mr. Bean, que faz rir pelas situações muitas vezes num nonsense delicioso. É preciso até ter essa noção ao ver uma comédia, afinal ficar intrigado pela falta de necessidade de uma cena num contexto de humor é uma armadilha do gênero. Principalmente, se a piada não foi boa ou bem contada. Duas cenas são hilárias: a da carona na moto que culmina num "atropelamento", e a da filmagem de um comercial no que concerne uma bomba (a cena muda e parece que a piada tinha cabado ali, mas ainda tem mais por vir). A primeira não tem muita conexão com a estória em si, mas a segunda até explora personagens secundários.

Não é um novo clássico da comédia, como pode ter sido Borat. Mas o carisma de Rowan Atkinson projetado em Mr. Bean transforma essa comédia sem pretensões em um entretenimento engraçado. Claro que o filme, porém, não deixa de ser isso: entretenimento.


Cotação: 6,5/10
Thúlio Carvalho