terça-feira, 8 de julho de 2008

Crônica do cinema contemporâneo

O cinema! Lugar tão bem projetado por inteligentes arquitetos e engenheiros para promover o máximo do conforto e o melhor do prazer que só uma sessão cinematográfica pode oferecer ao seu modo. Os gerentes, os distribuidores, os lanterninhas, os faxineiros, os seguranças; todos interpretam figuras perpetuadoras dessa situação, agindo em harmonia para atingir o alvo, ou melhor, o espectador. Tudo bastante harmonioso se colocado assim nessa, digamos, panorâmica.

Harmonia é comprar um ingresso a preço justificável, ser bem atendido com um caloroso "Boa tarde!" na entrada da sala, encontrar cadeiras e salas bem cuidadas, um som que agrade aos ouvidos, uma platéia que aproveite o filme juntamente com você.

O problema é que isso agora é só teoria mesmo. Já houve tempos em que o preço do ingresso era menos que 50% o valor do de atualmente. Um seco "Boa noite!" é o mesmo que o silêncio. Poltronas que não ficam quietas no lugar, pendendo para trás ou para frente, entoando irritantes barulhos não deveriam ser toleradas. A falta do apoio para o braço ou mesmo o excesso de manteiga de pipoca de outra pessoa na mesma são lamentáveis. Um filme mal posicionado no anteparo ou mesmo um som baixo ou estridente demais são o cúmulo da falta de respeito nesse ramo. E para piorar, o fator que não está inerente à estrutra do complexo de cinemas: o espectador.

Todos temos nossos valores e nossas criações. A paz é simplesmente um bom entendimento e boa convivência dos mesmos. Em se tratando de cinema, poderia dizer que a paz realmente é difícil de ser obtida afinal nem mesmo em uma sala destas, as pessoas conseguem respeitar essa convivência ou expressar esse entendimento. O pé na poltrona que empurra a pessoa da frente. O grupo de amigos que deliberadamente acreditam que fazer barulho é o ponto alto da sessão. O senhor que atende ao celular em sua poltrona e não hesita em conversar em tom de voz inalterado. O jovem que abre o celular durante o filme para fazer seja lá o que for mas que emana toda aquela luz no rosto das pessoas que ficam atrás (o cinema é escuro, então realmente atrapalha). A mãe que leva o filho de colo para que o mesmo atrapalhe não só a sessão de todos, mas também a dela mesma. O pai que leva o filho gripado que sem noção de higiene ou saúde coletiva tosse abertamente para todos sem levar a mão à boca, enquanto o responsável nada faz (ou melhor, pergunta bem alto "Quer pipoca?"). A própria criança que não fica quieta no cinema, fala sem parar e não tem noção (por falta de ensinamento) de que não está em casa. A senhora que dorme e começa a roncar bem alto, levando a risadas da platéia, numa forma de desdirecionamento total do filme (e com direito a câmeras para filmar o evento). Os grupos de adolescentes que de repente começam a fazer disputa de qual deles incomoda mais.

A harmonia talvez só esteja mesmo na tela (isso se o filme a apresentar, o que nem tem sido tão frequente assim). Os tempos parecem se encaminhar para uma difícil involução do respeito e do comportamento social. Imagine só os adolescentes de hoje como pais de pirralhinhos barulhentos no cinema daqui a dez ou vinte anos. É de se ter medo que o cinema poderá se tornar um lugar invisitável para quem nele sempre soube coexistir.

Encontro-me, porém, perdido nesse fim de texto, afinal não consigo terminar um de forma tão pessimista assim. Foi apenas um desabafo de alguns eventos ocorridos no dia de hoje e em outros dias. A esperança se encontra justamente no fato de que não são todas as sessões que são tão deturpadas, o que é óbvio - e um alívio. O Cinema com 'c' maiúsculo deve ser apreciado na tela grande mesmo. Só basta que o público se auxilie na otimização dessa apreciação tão singela e individual.

Thúlio Carvalho

Em meio a batalhas e mudanças

A luta. Travada no interior de uma mente que não cessa seu funcionamento, ela sempre atrapalha o andamento desse blog. Ela esteve presente até mesmo há poucos segundos, quando hesitei em começar a escrever algo aqui, pois sabia que não seria algo pequeno - e não o queria muito grande. Quem seria, então, este escritor que sempre sente vontade de expor sua opinião nesse espaço se escrevesse brevemente sobre a mesma? Asseguro-lhe que não seria eu, pois por mesmo que eu ceda à luta inicial, quando resolvo retornar, devo voltar imutável.

Sem mudanças. Sim, acredito que este ainda sou eu quanto aos velhos bons filmes (e novos também). Essas chamadas alterações de situações estão, porém, bastante presentes em minha vida. Na verdade, estiveram desde 2006, o ano da mudança. E com as mudanças iniciais, vieram várias alterações de costumes, companhias, humores, pensamentos. Nada que não aconteça a qualquer um, e de modo sempre bivalente: julgar ser bom ou ruim depende do momento em que se avalia a mudança. Direcionar os dedos ao teclado para escrever esse texto está inserido em um momento que, por exemplo, não constata nenhuma mudança no ser fílmico de minha pessoa. Em sala de aula ou mesmo ao estudar durante a noite de outro dia ou em uma festa eletrizante, permito-me acreditar que não estarei tão imutável assim.

Essa velha batalha interna, com parâmetros de "grande crise", foi amenizada desde alguns dias atrás, quando constatei que devemos todos fazer aquilo que sentimos que devemos fazer. Não o que queremos, ou que somos forçados ou induzidos a fazer, mas aquilo que sentimos, seja de forma difusa ou concreta, que é o certo. Depois de várias repetições, o erro vai muito além do campo de sua humanidade ou ingenuidade. Se há um deles que já não posso mais cometer é este de evitar o que me faz feliz e que me dá prazer. Nada mais cinematográfico que isso!


Thúlio Carvalho

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Quase cinco dias depois

Então, ele passou. O Oscar 2008 já é história. Ainda bem que a história é bastante agradável no que concerne as premiações em si. A cerimônia em si é que foi claramente prejudicada pela longa greve dos roteiristas, transformada em um show feito às pressas.

A lista com os vencedores foi postada no dia da cerimônia. Em minhas últimas previsões, acertei 17 das 24 categorias, o que eu ainda transformaria em 16 das 20 principais, o que está de bom tamanho (o 17 é por causa de um chute bom em documentário).

Já revi a cerimônia ou trechos dela algumas vezes desde aquele longo domingo. Longo porque era um dia de tensão e preocupação. Esta fica a cargo das provas e seminários que tive no decorrer dessa semana, razão pela qual atribuo esse meu atraso de quase cinco dias. Além disso, estava voltando de viagem de Salvador, para onde fui na sexta e vi 4 filmes oscarizáveis: Sangue Negro, Elizabeth: A era de ouro, Senhores do crime, e Onde os fracos não têm vez. E 3 deles carimbaram a estatueta no currículo. Já em Aracaju, vi mais dois filmes, os quais nem sequer conseguiram a estatueta: O escafandro e a borboleta, e Across the Universe.

Então, ia começar a cerimônia. Estava apreensivo. A maldita prova no outro dia, a indecisão para atriz coadjuvante, será que a canção de Once (Falling Slowly) perderia, o tão comentado Persépolis derrubaria o favoritíssimo Ratatouille, iria Marion Cotillard virar a segunda atriz em filme de língua estrangeira a levar o Oscar de principal, iria a Academia deixar Paul Thomas Anderson (realizador de Sangue Negro) apenas um multi indicado a sair de mãos vazias? Tudo isso me preocupava muito. A seguir descrevo, então, a premiação de cada categoria:

A cerimônia já começou com surpresa, já que não esperava o prêmio de Figurino para Elizabeth: A era de ouro. Imaginava que estava entre Sweeney Todd (que levara o prêmio do sindicato) e Desejo e Reparação (minha escolha, e de muita gente).

O Oscar de Animação não teve surpresas mesmo: Ratatouille confirmou o extremo favoritismo que havia conquistado desde sua estréia nos EUA, onde acolheu críticas excelentes, figurando não só como o melhor filme de animação do ano, como um dos melhores filmes de qualquer gênero.

Justiça foi feita. Piaf - Um hino ao amor ganhou o Oscar de Maquiagem. Depois de esnobadas consideráveis em cima de Sweeney Todd e Hairspray na hora das indicações, o filme que mais merecia levou o reconhecimento, por transformar a bela Marion Cotillard em Edith Piaf, em diversas fases de sua saúde.

Para mim, o único prêmio desmerecido da noite. A Bússola de Ouro levou o Oscar de Efeitos Visuais. Frente aos indicados, era o mais fraco. Mesmo não tendo o conhecimento da área, muitos comentaram que não foi o melhor, mas também desmerecer demais é ruim, já que os efeitos funcionam. Mas nada como os seus concorrentes: Piratas do Caribe: No fim do mundo era um show de efeitos (ou uma bagunça, segundo as críticas), e Transfomers era o favoritíssimo dessa categoria. Eu não gostei desse filme, mas não hesitaria em instante algum em entregar esse Oscar a ele, já que é nesse quesito que o filme impressiona.

Aqui o nome prevaleceu sobre a escolha do sindicato dos diretores de arte. A Bússola de Ouro e Sangue Negro haviam levado o prêmio do sindicato para filme de fantasia e época respectivamente. Quem acabaou levando o Oscar de Direção de Arte foi o famoso Dante Ferreti, por Sweeney Todd: O barbeiro demoníaco da rua Fleet.

Javier Bardem ganhou o prêmio de Ator Coadjuvante pela sua imersão no psicopata Antom de Onde os fracos não têm vez. Era óbvio, afinal praticamente todos os outros prêmios foram dele. Mas mesmo assim, não ficaria triste se visse Tom Wilkinson (Conduta de Risco) ou principalmente Casey Affleck (O assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford) levando a estatueta. Como não adorar esse prêmio?

Curta-Metragem foi The Mozart of Pickpokets, e Curta-Metragem de Animação foi Peter & the Wolf. Sem comentários, afinal essas são as categorias inacessíveis do Oscar, e imprevisíveis.

Então, chega o momento da maior indecisão da noite. E nem a vencedora acreditou. A cara de Tilda Swinton, quando foi anunciada como vencedora de Atriz Coadjuvante foi impagável, e seu discurso foi ótimo, anunciando que daria seu Oscar a seu agente pois sem ele ter chegado à América seria difícil. Merecido, com certeza. Mas pássaros em dizem que Blanchett era imbatível em termos de atuação (não vi o filme ainda). Dizem que sua derrota é devido ao fato de que com dois Oscars de coadjuvante (ela venceu por O Aviador) seria mais difícil ganhar um de principal. Francamente, odeio essa linha de raciocínio. Perfeita essa mulher!

E os Coen levaram Roteiro Adaptado por Onde os fracos não têm vez. Óbvio, mas ao mesmo tempo repressor das esperanças de ver Paul Thomas Anderson levar um merecido prêmio pelo seu Sangue Negro.

Edição de Som foi, como previ, para O Ultimato Bourne, enquanto muitos acreditavam ser Transformers o favorito. Bourne é um filme de ação perfeito, o blockbuster do ano, digamos assim. Merecidíssimo, mas sem desmerecer os concorrentes, já que nessas categorias de som, eu não posso opinar com bom embasamento.

Som foi, não como previ, também para O Ultimato Bourne. Nossa, hein, gostaram mesmo do filme. Eu acreditava na vitória de Onde os fracos não têm vez, que levara o prêmio do sindicato, e também porque para mim era o mesmo que dar o prêmio de trilha sonora, já que não há trilha no filme, apenas sons, muito eficientes em cada utilização, diga-se de passagem. Destaque para mais uma derrota de Kevin O'Connel, de Transformers, que já foi indicado 14 vezes e nunca ganhou.

Finalmente o momento mais emcionante da noite: Marion Cotillard leva o prêmio de Atriz por Piaf - Um hino ao amor. Meus olhos se encheram de lágrimas e me confirmaram que eu estava me preparando para uma vitória de Julie Christie apenas porque tinha gostado do trabalho dela também (ótima), mas como não ocorreu percebi que não dava para esse prêmio ser de outra. Cotillard dá um show tão eficiente que soaria como uma das maiores injustiças. E tinha medo por causa da xenofobia, já que apenas Sophia Loren havia ganhado o prêmio por uma atuação em língua não-inglesa. Cotillard entra nesse hall.

"Clean Sweep" para O Ultimato Bourne. Ou seja, levou todos os prêmios a que foi indicado, juntamente com esse de Montagem. Não ousaria nunca dizer que foi desmerecido, aliás era realmente um trabalho primoroso. Ver Sangue Negro levando aqui não teria me desanimado tampouco.

Filme Estrangeiro foi para o óbvio: O Falsário, da Áustria, que recebe assim seu primeiro Oscar. O tema do filme? Envolve Segunda Guerra. Conclusão: a categoria se repete mais uma vez.

Canção Original. Talvez esse fosse o meu maior medo da noite. Não sei o que faria se visse Falling Slowly, do magnífico filme Once, perder para seus concorrentes. Não minto que achava So Close e That's How You Know, ambas do filme Encantada, boas canções para o filme, mas nada se comparava a Falling Slowly, ou qualquer outra canção do mesmo filme. Os astros do filme, que escreveram as canções, subiram ao palco para agradecer em nome do cinema independente, feito por aqueles que amam o cinema. Empata com o prêmio de melhor atriz como o melhor da noite.

Robert Elswit levou o prêmio de Fotografia por Sangue Negro. Não me deixa triste de jeito nenhum, também porque era o único jeito de Sangue Negro levar mais de um Oscar. Mas não posso mentir que torcia lá dentro por Roger Deakins, que estava duplamente indicado esse ano, mas não por Onde os fracos não têm vez, e sim pelo maravilhoso O assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford. Maravilhoso mesmo, recomendo muito. Mas eu ficaria feliz se qualquer um levasse o prêmio, todos merecedores.

E praticamente o prêmio mais óbvio de Desejo e Reparação serviu como consolação. Dario Marianelli levou o prêmio de Trilha Sonora pelo filme. Obviamente a melhor trilha do ano, maravilhosa. Há quem diga que a inovadora trilha de Sangue Negro, que não foi indicada devido a problemas nas regras de aplicabilidade, era melhor, mas eu prefiro essa vencedora mesmo.

Documentário em Curta-Metragem foi para Freeheld, enquanto o prêmio de Documentário foi para Táxi para a escuridão, curiosamente o único que consegui ver. Mais duas das categorias imprevisíveis e (quase) inacessíveis.

Diablo Cody levou o Oscar de Roteiro Original por Juno. Merecido? Não vou desmerecer, mas eu daria o prêmio a dois filmes antes deste: Ratatouille e Conduta de risco, nessa ordem mesmo. E isso porque não vi os outros dois indicados, razão pela qual Juno pode ainda virar o roteiro a que eu não entregaria o Oscar, dentre os cinco. Mas o buzz em cima do filme estava altíssimo devido a bilheteria e também devido a exposição da própria roteirista, que era stripper e agora é uma vencedora de prêmios como roteirista. O marketing foi pesado nessa imagem.

Daniel Day-Lewis. Repito, Daniel Day-Lewis. Só mais uma vez, Daniel Day-Lewis. Justiça foi feita, e não tinha como não ser assim. Eu ouso dizer que esta foi a mlehor atuação que meus olhos presenciaram de filmes dessa última década. Eu me arrepio só de lembrar do personagem Daniel Plainview interpretado unicamente por esse grande ator, definitvamente o meu ator vivo predileto atualmente (Jack Nicholson, teve que descer um degrau devido a certos eventos recentes, e Marlon Brando, Deus já chamou). Felicidade, ótimo ator!

Diretor. Ou melhor, e obviamente, diretores: Joel e Ethan Coen levam seu primeiro Oscar de direção por Onde os fracos não têm vez. Já deixei clara minha preferência por Sangue Negro, e por Paul Thomas Anderson, seu ótimo diretor. Mas Onde os fracos não têm vez é um excelente filme também. Aqui, ficaria felicíssimo se Julian Schnabel levasse um único Oscar para o magnífico O escafandro e a borboleta, mas ele teve que se contentar com o Globo de Ouro mesmo.

E finalmente, não houve surpresas para a categoria de Filme: Onde os fracos não têm vez. De não ter visto Conduta de Risco, e principalmente Juno levando o prêmio, já me deixa numa esfera de felicidade satisfatória. Torcia em meu interior emocional por Desejo e Reparação, e no meu interior cinéfilo, admirador do bom cinema por Sangue Negro. Mas o meu lado dirigido pelo óbvio já sabia e não me deixaria ficar triste com essa vitória do filme dos Coen, um suspense de ação e drama que é absolutamente perfeito, mesmo com seu final que desagrada a muitos.

Enfim, a contagem final (das 20 principais categorias):
4 - Onde os fracos não têm vez
3 - O Ultimato Bourne
2 - Sangue Negro; Piaf - Um Hino ao Amor
1 - Conduta de Risco; Juno; Ratatouille; Desejo e Reparação; Sweeney Todd: O barbeiro demoníaco da rua Fleet; Elizabeth: A era de ouro; Once; A bússola de ouro; O Falsário

Sobre a cerimônia, tenho algumas afinetadas: Amy Adams quase foi forçada a participar de um dos momentos mais constrangedores do Oscar, o que evitou devido à sua habilidade e carisma, já que interpretou uma das canções indicadas sem ao menos terem preparado um cenário ou um figurino diferente para incorporar o espírito da cena do filme em que canta a música. As outras canções não tiveram esse problema. Isso me deixou um pouco irritado, e olha que foi logo no começo da cerimônia, só para se somar ao meu estresse pela prova do dia seguinte. Além disso, a orquestra estava um pé no saco, levantando a música quando as pessoas ainda estavam fazendo seus agradecimentos, chegando ao cúmulo (aqui mexeu pessoalmente comigo) em que cortaram a voz de Marketa Irglova, vencedora pela canção de Once, de quem a gente só pode ler um 'Thank You ' em seus lábios. Ainda bem que existia John Stewart, que assim que voltou dos comerciais chamou-a ao palco para fazer seu lindo agradecimento, de acreditar num sonho.

Mas momentos inspirados também aconteceram, como a piada das grávidas, da Cate Blanchett que interpreta de tudo, da 'Academia também indicar filmes ruins como Norbit', dentre outros pequenos momentos. Mas num geral, a cerimônia do ano passado deixou saudade pela sua maior riqueza em entretenimento e organização, tudo que eu esperava numa cerimônia que marcava os 80 anos do Oscar.

Thúlio Carvalho Morais

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Vencedores do Oscar 2008

Os vencedores da 80ª Edição dos Academ Awards (Oscar 2008):

Melhor Filme
Onde os Fracos Não Têm Vez

Melhor Ator
Daniel Day-Lewis, Sangue Negro

Melhor Atriz
Marion Cotillard, Piaf – Um Hino ao Amor

Melhor Ator Coadjuvante
Javier Bardem, Onde os Fracos Não Têm Vez

Melhor Atriz Coadjuvante
Tilda Swinton, Conduta de Risco

Melhor Direção
Joel e Ethan Coen, Onde os Fracos Não Têm Vez

Melhor Roteiro Original
Juno, Diablo Cody

Melhor Roteiro Adaptado
Onde os Fracos Não Têm Vez, Joel e Ethan Coen

Melhor Filme de Animação
Ratatouille, de Brad Bird

Melhor Fotografia
Sangue Negro, Robert Elswit

Melhor Trilha Sonora Original
Desejo e Reparação, de Dario Marianelli

Melhor Montagem
O Ultimato Bourne, Christopher Rouse

Melhor Direção de Arte
Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet

Melhor Figurino
Elizabeth: A Era de Ouro

Melhor Maquiagem
Piaf – Um Hino ao Amor

Melhor Canção Original
"Falling Slowly", Once

Melhor Edição de Som
O Ultimato Bourne

Melhor Som
O Ultimato Bourne

Melhores Efeitos Visuais
A Bússola de Ouro

Melhor Filme Estrangeiro
The Counterfeiters (Áustria)

Melhor Documentário
Taxi to the Dark Side

Melhor Documentário – Curta-Metragem
Freeheld

Melhor Curta de Animação
Peter & the Wolf

Melhor Curta-Metragem
Le Mozart des Pickpockets (The Mozart of Pickpockets)

Thúlio Carvalho Morais

sábado, 9 de fevereiro de 2008

O Suspeito

O Suspeito (Rendition, EUA, 2007)
122 min - Drama

Como comentário rápido, falaria apenas que o filme superou expectativas. Mas esse é um comentário apenas simplista, e também fruto de uma campanha pré-Oscar que não deslanchou, ou seja, o filme era puro material de Oscar, mas quando foi visto, a galera (leia-se, crítica) não viu isso tudo.

Realmente, não é aquele filme excelente, original, inovador. O filme apresenta porém integridade em sua simplicidade. A estória não é complicada (não os temas em si) assim como a de um (bastante superior) Syriana - A indústria do petróleo, mas envolve o quanto pode justamente por permitir um conhecimento das personagens.

Escrevendo sobre esse envolvimento, na verdade, veio um porém encontrado no quesito atuações. A recente vencedora do Oscar Reese Witherspoon não faz muito no filme, apenas não se deixa cair, exceto pela cena final em que para mim pecou pela inexpressividade (sem falar na criança que faz seu filho). Boa parte do elenco é apenas normal. Entretanto, assim que vi Peter Sarsgaard no filme, me deu uma sensação de saudade, aquela que se sente de um bom ator quando já fazia um tempinho que não o via atuar e, novamente, bem. Streep é quem sempre dispensa comentários, afinal com ela não sei se ela está sempre ótima ou se já comecei a ser completamente parcial quanto a ela; e sei que a primeira alternativa é a mais correta.

Há uma pequena surpresa no clímax do filme, que francamente não estava esperando. Depois que ela passa, há um sentimento de exagero na tensão mostrada em uma das sequências concomitantes. Além disso, é apenas nesse clímax que surge uma resposta para a necessidade de contar a estória de certos personagens. Mas a resposta verdadeira talvez estivesse na real intenção do filme: denúncia. Ao assistir a filmes como esse, sobre terrorismo e efeitos do 11/09, temos que ter em mente que um de seus maiores objetivos é justamente esse. E se há algo que o filme nos leva a pensar é em como é tudo tão acobertado por enormes tubarões que encenam sempre para os pobres peixinhos.


Thúlio Carvalho

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Heath Ledger

Encontrado morto em seu apartamento em Nova York, esse que talvez tenha sido dos maiores atores de sua geração.


Heath Ledger (1979-2008)

Em pleno aniversário de minha mãe, assim que acesso a internet tarde da noite me deparo com uma notícia dessas. É realmente incrível o efeito que essas notícias têm, o choque foi forte, um tanto incrédulo. "Mas hoje não é 1º de abril", pensei. Era tudo verdade. A suspeita é que a morte tenha sido de overdose, seja ela suicida ou acidental. Não conhecia o ator pessoalmente, claro, mas acredito que tenha sido acidente afinal depois de sua maratona como Coringa no próximo filme do Batman ele passou a consumir remédios para dormir e etc.

Ainda incrédulo, vou tentar dormir, já que o choque, como já disse, continua remoendo. Pobre Matilda, órfã aos 2 anos de idade. Pobre família Ledger, pobre mundo do cinema, perdendo um de seus mais ilustres e talentosos!

Thúlio Carvalho

Os indicados

Os indicados, sem mais delongas, à 80ª Cerimônia dos Academy Awards (ou Oscar mesmo...).

Melhor Filme
Desejo e Reparação
Juno
Conduta de Risco
Onde os Fracos Não Têm Vez
Sangue Negro

Melhor Ator
George Clooney, Conduta de Risco
Daniel Day-Lewis, Sangue Negro
Johnny Depp, Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet
Tommy Lee Jones, No Vale das Sombras
Viggo Mortensen, Senhores do Crime

Melhor Atriz
Cate Blanchett, Elizabeth: A Era de Ouro
Julie Christie, Longe Dela
Marion Cotillard, Piaf – Um Hino ao Amor
Laura Linney, Família Savage
Ellen Page, Juno

Melhor Ator Coadjuvante
Casey Affleck, O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford
Javier Bardem, Onde os Fracos Não Têm Vez
Philip Seymour Hoffman, Jogos do Poder
Hal Holbrook, Na Natureza Selvagem
Tom Wilkinson, Conduta de Risco

Melhor Atriz Coadjuvante
Cate Blanchett, Não Estou Lá
Ruby Dee, O Gângster
Saoirse Ronan, Desejo e Reparação
Amy Ryan, Medo da Verdade
Tilda Swinton, Conduta de Risco

Melhor Direção
Julian Schnabel, O Escafandro e a Borboleta
Jason Reitman, Juno
Tony Gilroy, Conduta de Risco
Joel e Ethan Coen, Onde os Fracos Não Têm Vez
Paul Thomas Anderson, Sangue Negro

Melhor Roteiro Original
Juno, Diablo Cody
Lars and the Real Girl, Nancy Oliver
Conduta de Risco, Tony Gilroy
Ratatouille, Brad Bird, Jan Pinkava e Jim Capobianco
The Savages, Tamara Jenkins

Melhor Roteiro Adaptado
Desejo e Reparação, Christopher Hampton
Longe Dela, Sarah Polley
O Escafandro e a Borboleta, Ronald Harwood
Onde os Fracos Não Têm Vez, Joel e Ethan Coen
Sangue Negro, Paul Thomas Anderson

Melhor Filme de Animação
Persépolis, de Vincent Paronnaud e Marjane Satrapi
Ratatouille, de Brad Bird
Tá Dando Onda, de Ash Brannon e Chris Buck

Melhor Fotografia
Sangue Negro, Robert Elswit
O Escafandro e a Borboleta, Janusz Kaminski
Desejo e Reparação, Seamus McGarvey
O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford, Roger Deakins
Onde os Fracos Não Têm Vez, Roger Deakins

Melhor Trilha Sonora Original
Conduta de Risco, de James Newton Howard
Ratatouille, de Michael Giacchino
Desejo e Reparação, de Dario Marianelli
O Caçador de Pipas, de Alberto Iglesias
Os Indomáveis, de Marco Beltrami

Melhor Montagem
O Escafandro e a Borboleta, Juliette Welfling
Na Natureza Selvagem, Jay Cassidy
Onde os Fracos Não Têm Vez, Ethan e Joel Coen
O Ultimato Bourne, Christopher Rouse
Sangue Negro, Dylan Tichenor

Melhor Direção de Arte
A Bússola de Ouro
Desejo e Reparação
O GângsterSweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco
da Rua Fleet
Sangue Negro

Melhor Figurino
Across the Universe
Desejo e Reparação
Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet
Elizabeth: A Era de Ouro
Piaf – Um Hino ao Amor

Melhor Maquiagem
Piaf – Um Hino ao Amor
Norbit
Piratas do Caribe: No Fim do Mundo

Melhor Canção Original
"Raise It Up", O Som do Coração
"Happy Working Song", Encantada
"So Close", Encantada
"That’s How You Know", Encantada
"Falling Slowly", Once

Melhor Edição de Som
Transformers
Onde os Fracos Não Têm Vez
O Ultimato Bourne
Ratatouille
Sangue Negro

Melhor Som
Transformers
Onde os Fracos Não Têm Vez
O Ultimato Bourne
Ratatouille
Os Indomáveis

Melhores Efeitos Visuais
Transformers
Piratas do Caribe: No Fim do Mundo
A Bússola de Ouro

Melhor Filme Estrangeiro
Beaufort (Israel)
The Counterfeiters (Áustria)
Katyn (Polônia)
Mongol (Cazaquistão)
12 (Rússia)

Melhor Documentário
No End in Sight
Operation Homecoming: Writing the Wartime Experience
$.O.$ Saúde
Taxi to the Dark Side
War/Dance

Melhor Documentário – Curta-Metragem
Freeheld
La Corona (The Crown)
Salim Baba
Sari's Mother

Melhor Curta de Animação
I Met the Walrus
Madame Tutli-Putli
My Love (Moya Lyubov)
Peter & the Wolf

Melhor Curta-Metragem
At Night
Il Supplente (The Substitute)
Le Mozart des Pickpockets (The Mozart of Pickpockets)
Tanghi Argentini
The Tonto Wom

8 indicações para Sangue Negro e Onde os fracos não têm vez
7 indicações para Desejo e Reparação e Conduta de Risco
5 indicações para Ratatouille
4 indicações para Juno e O escafandro e a borboleta
3 indicações para Sweeney Todd: O barbeiro demoníaco da rua Fleet, Piaf - Um hino ao amor, O ultimato Bourne, Encantada e Transformers
2 indicações para Elizabeth: A era de ouro, Longe Dela, Família Savage, O assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford, Na natureza selvagem, O gângster, Os indomáveis, A bússola de ouro e Piratas do Caribe: No fim do mundo.
1 indicação para o resto...

Agora, os acertos e erros. Não gabaritei nenhuma categoria, apenas pelos alternativos. Mas tem uma que eu praticamente me considero como gabaritado, a de ator coadjuvante, pois era tudo bem óbvio, e de tão óbvio torci por uma surpresa, aí tirei o que era praticamente certo. Engraçado que o erro foi duplo, já que a surpresa que viria para mim em coadjuvante veio na principal, afinal Tommy Lee Jone não foi indicado por Onde os fracos não têm vez e sim por No vale das sombras.

Foram 4 acertos em Filme, Diretor, Atriz, Ator, Ator Coadjuvante, Atriz Coadjuvante, Roteiro Original, Roteiro Adaptado, Fotografia e Figurino. Além dessas, só errei um também nas categorias de 3 indicados: Animação, Maquiagem e Efeitos Visuais.

Foram 3 acertos em Moontagem, Trilha Sonora, Direção de Arte e Edição de Som.

Foram 2 acertos em Filme Estrangeiro, Documentário, Mixagem de Som e Canção Original.

Into the Wild ligeiramente esnobado (pelo menos ainda levou duas indicações), assim como completamente foram Zodíaco, Antes que o Diabo saiba que você está morto e Homem-Aranha 3. Agora, as 3 canções de Encantada indicadas foi um triste fim para uma categoria que prometia muito esse ano, deixando de fora ótimas canções de Into the Wild e Hairspray por exemplo, este outro completamente esnobado.


Thúlio Carvalho

domingo, 20 de janeiro de 2008

Previsões antes da nomeação dos indicados

Opa! Dia 20 de janeiro, ou seja, dia de postar minhas previsões finais aos indicados ao Oscar!!!

Mesmo com três provas ainda essa semana, o Oscar é um evento anual que pode durar umas 3 horas para algumas pessoas em um dia no final de fevereiro... Mas ouso dizer que, para mim, dura uns bons quatro ou cinco meses antes desse dia. Logo, há sempre mais provas para possíveis necessidades de recuperação de nota... Essa é a minha ordem de prioridades, sacou?

Um dia como 22 de janeiro de 2008 é um marco nesse período: o anúncio dos indicados à cerimônia desse ano. Cerimônia ao mesmo tempo especial e perigosa. Especial pois é a 80ª edição, e perigosa porque a greve dos roteirista já provocou o cancelamento do Globo de Ouro. Todos (espero) torcemos para que o peso bem maior do Oscar não o leve a um mesmo fim só por causa desses roteiristas e produtores que não chegam logo a um acordo.

Minhas previsões finais, para encher o ego (ou não) quando saírem as indicações reais, estão logo abaixo então. Das 24 categorias, aposto somente em 21, pois as 3 restantes empreendem curtas, e aí ninguém sabe o que vai dar a não ser os próprios votantes. Abaixo de cada categoria, estão previsões alternativas, e com um asterisco, aquelas que se mativeram desde a primeira lista, em setembro.

Melhor Filme
Atonement*
The Diving Bell and the Butterfly
Michael Clayton
No Country for Old Men
There Will Be Blood*

Alt.: Into The Wild

Melhor Diretor
Paul Thomas Anderson, There Will Be Blood*
Ethan and Joel Coen, No Country for Old Men
Tony Gilroy, Michael Clayton
Sean Penn, Into the Wild
Julian Schnabel, The Diving Bell and the Butterfly

Alt.: Tim Burton, Sweeney Todd

Melhor Ator
George Clooney, Michael Clayton
Daniel Day-Lewis, There Will Be Blood*
Johnny Depp, Sweeney Todd*
Ryan Gosling, Lars and the Real Girl
Viggo Mortensen, Eastern Promises

Alt.: James McAvoy (Atonement)


Melhor Atriz
Cate Blanchett, Elizabeth – The Golden Age
Julie Christie, Away From Her
Marion Cottilard, La Vie En Rose*
Angelina Jolie, A Mighty Heart
Ellen Page, Juno

Alt.: Keira Knightley (Atonement)

Melhor Ator Coadjuvante
Casey Affleck, The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford
Javier Bardem, No Country for Old Men*
Philip Seymour Hoffman, Charlie Wilson’s War
Tommy Lee Jones, No Country for Old Men
Tom Wilkinson, Michael Clayton

Alt.: Hal Holbrook (Into the Wild)

Melhor Atriz Coadjuvante
Cate Blanchett, I’m Not There*
Catherine Keener, Into the Wild
Saoirse Ronan, Atonement
Amy Ryan, Gone Baby Gone
Tilda Swinton, Michael Clayton

Alt.: Kelly McDonald (No country for Old Men)

Melhor Roteiro Original
Eastern Promises
Juno*
Lars and the Real Girl
Michael Clayton
Ratatouille*
Alt.: The Savages


Melhor Roteiro Adaptado
Atonement
The Diving Bell and the Butterfly
No Country for Old Men*
There Will Be Blood*
Zodiac

Alt.: Charlie Wilson's War

Melhor Animação
Persepolis
Ratatouille*
The Simpsons Movie

Alt.: Bee Movie

Melhor Filme Estrangeiro
The Counterfeiters (Austria)
The Year My Parents Went On Vacation (Brazil)
Days of Darkness (Canada)
The Unknown (Italy)
12 (Russia)

Alt.: Katyn (Polônia)

Melhor Edição
The Bourne Ultimatum
Michael Clayton
No Country for Old Men
Sweeney Todd*
There Will Be Blood*

Alt.: Atonement

Melhor Fotografia
The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford*
Atonement*
The Diving Bell and the Butterfly
Sweeney Todd*
There Will Be Blood*

Alt.: Lust, Caution

Melhor Trilha Sonora
3:10 to Yuma

The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford
Atonement*
Lust, Caution
Ratatouille*
Alt.: Eastern Promises

EDITADO: There Will Be Blood teve sua trilha desqualificada (boa parte dela já estava feita antes da realização do filme); em seu lugar, coloquei o antigo alternativo Os Indomáveis (3:10 to Yuma).


Melhor Canção Original
That’s How You Know, Enchanted
Come So Far (Got So Far To Go), Hairspray
Guaranteed, Into the Wild
Falling Slowly, Once
If You Want Me, Once

Alt.: Despedida (Love in the Time of Cholera)

Melhor Direção de Arte
Atonement
Elizabeth: The Golden Age*
Harry Potter and the Order of the Phoenix*
Sweeney Todd*
There Will Be Blood

Alt.: The Golden Compass

Melhor Figurino
Atonement*
Elizabeth: The Golden Age*
Hairspray*
La Vie en Rose

Sweeney Todd*
Alt.: The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford


Melhor Maquiagem
La Vie En Rose
Pirates of the Caribbean – At World’s End
Sweeney Todd*

Alt.: Norbit

Melhor Mixagem de Som
300
The Bourne Ultimatum
Sweeney Todd*
There Will Be Blood
Transformers

Alt.: No Country for Old Men

Melhor Edição de Som
The Bourne Ultimatum
The Golden Compass
Pirates of the Caribbean – At World’s End*
Ratatouille
Transformers*

Alt.: Spiderman 3

Melhores Efeitos Visuais
300
The Golden Compass*
Transformers

Alt.: I Am Legend

Melhor Documentário

Autism: The Musical
Lake of Fire
Nanking
No End in Sight
Sicko
Alt.: Taxi to the Dark Side

Pronto! Agora é esperar pela terça-feira!



Thúlio Carvalho

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Retrospectiva 2007

Como tudo na vida, o ano de 2007 chegou ao fim, e com isso mais um ano de muitos filmes vistos e revistos. Fico, porém, encabulado em escrever “muitos”, uma vez que esse foi um ano de queda drástica no número de filmes vistos. Não foram deixados de lado os que estreavam nos cinemas (com raras exceções), mas a freqüência de filmes vistos fora dos cinemas foi lamentável. Cheguei a passar seis dias sem ver um filme sequer em três ocasiões diferentes.

Do pouco que escrevi nesse blog durante o ano de 2007, deixei claro que a vida mudou, novos objetivos surgiram enquanto outros foram atingidos ou alterados por aspirações ainda maiores. Cursar uma faculdade e manter minha freqüência cinematográfica da época do ensino médio é algo inviável, mesmo que não impossível durante certos dias.

Como retrospectiva qualitativa do ano, sempre componho minhas listas dos melhores e piores. A ordem não é aleatória, muito embora com o tempo eu tenda a querer alterar tal filme ou outro; mas a lista se mantém, afinal fica para mim como um retrato fiel do meu pensamento assim que o ano terminou. Vamos às listas:

Os melhores filmes vistos nos cinemas em 2007:

Sempre divulgo 10 filmes nessa lista mas este ano colocarei as menções honrosas numa lista de 20 filmes.

1. Filhos da Esperança
2. Pecados Íntimos
3. Maria Antonieta
4. Zodíaco
5. O hospedeiro
6. A Rainha
7. Cartas de Iwo Jima
8. O ultimato Bourne
9. Ratatouille
10. Tropa de Elite

11. O despertar de uma paixão; 12. Superbad – É hoje; 13. Saneamento Básico – O filme; 14. Quebra de confiança; 15. Lady Vingança; 16. Borat: O segundo melhor repórter do glorioso país Cazaquistão viaja à América; 17. Os donos da noite; 18. Babel; 19. Possuídos; 20. Notas sobre um escândalo

Os piores filmes vistos nos cinemas em 2007:

Francamente, sempre que saio de uma sessão de filmes como esses, me dá vontade de parar de querer conferir todas as estréias (mas eles não me vencerão). Destaque: esse ano não vi o filme da Xuxa, logo não estranhemos a ausência do seu último filme nessa lista.

1. Inesquecível
2. Operação: Limpeza
3. Norbit
4. A estranha perfeita
5. O ex-namorado da minha mulher
6. O dono da festa 2
7. Deu a louca em Hollywood
8. Turistas
9. Sangue e chocolate
10. Primo Basílio

Os melhores filmes vistos fora dos cinemas em 2007:

Como já expliquei, esse ano vi poucos filmes em casa; logo, essa lista que costuma ter 20 filmes devido ao grande número de bons filmes de que corro atrás, será de apenas 10, refletindo a queda na qualidade dos próprios filmes que vi. Entretanto, há muitos bons filmes, afinal fora no ano de 2007 que consegui atingir minha meta de ver todos os vencedores do Oscar da história da premiação na categoria principal.

1. Donnie Darko
2. Uma rua chamada pecado
3. Minha bela dama
4. Luzes da cidade
5. A vida dos outros
6. Amor sublime amor
7. A ponte do rio Kwai
8. Halloween
9. Grande Hotel
10. A voz do coração

Faço uma ressalva similar à de 2006 para alguns filmes que pude conferir esse ano mas que venham a estrear no Brasil (ou Aracaju mesmo) apenas em 2008. Em 2006, foi Pecados Íntimos que ficou prometido de entrar nos meus 10+ de 2007. Esse ano tenho em mente que o maravilhoso musical Once figurará em 2008 como um dos melhores filmes do ano. Simples, independente, original e com uma trilha composta de músicas adoráveis faz do filme algo obrigatório. Pena que é um filme pequeno demais para atingir maiores audiências.

Enfim, o ano de 2007 em números:

378 filmes não diferenciados (1,03 filmes por dia) - 172 nos cinemas (45%)
335 filmes diferenciados (0,91 filmes por dia)
238 filmes novos (0,65 filmes por dia)
129 dias sem filmes (25% do ano)

O primeiro valor se refere a experiência cinematográficas em geral, não importa de seja de filme repetido ou não; e de pensar que em 2005 esse valor foi de 662, fica clara a mudança dos tempos. O segundo valor leva em conta o número real de diferentes filmes vistos no ano, numa grande redução do valor de 453 do ano de 2006. O terceiro valor não precisa de explicações, e representa exatamente 100 filmes a menos que o ano anterior, que também não atingira a minha meta de um filme novo por dia que só consegui atingir em 2005, quando esse valor foi de 417. E passando de 105 dias para 129 dias "afílmicos" de 2006 para 2007.

O que esperar de 2008? Há muito tempo que queria deixar a lista do post anterior, afinal ela sinalizaria uma operação tapa-buracos nesse blog. Torçamos, então, por novos tempos sem esses buracos, com a velha premissa do blog: postar os filmes que vejo nos cinemas e, quem sabe, alguns destaques vistos fora desses.

Que início de ano seria chamado como tal se não citasse o eminente Oscar, a acontecer em fevereiro? O Globo de Ouro já está praticamente na cara (dia 13 de janeiro), e depois vem mais um mês de espera pela grande e um tanto supervalorizada cerimônia. Mas eu adoro, obrigado. E nesse período, grandes filmes estrearão por aqui finalmente. Grandes de acordo com os críticos americanos e outros cinéfilos que já tenham conferido os filmes; será a hora de pôr esses adjetivos à prova.

Thúlio Carvalho

O ano em DVDs

Ah, como é meu orgulho! A cada ano minha coleção de DVDs aumenta em qualidade e quantidade. Mas até o ano passado ela parecia crescer sempre em progressão geométrica. Infelizmente, em 2007 seu crescimento foi menor que dois anos atrás.

Em números, adquiri mais 18 DVDs neste ano que se encerrou. Como parâmetro da quebra da preogressão de crescimento, conto a história em números da minha coleção:

Em 2002, comprei meu primeiro DVD, e acabei o ano com 3 DVDs;
Em 2003, foram mais 7, o que totalizou 10 DVDs;
Em 2004, mais 11 entraram, o que somavam 21 DVDs;
Em 2005, um bom valor de 32 foi adicionado, e se acumulou 53 DVDs;
Em 2006, a adesão de mais 46 resultou num montante de 99 DVDs

Com os 18 de 2007, termino o ano com minha coleção em 117 DVDs, cujos últimos títulos são discriminados abaixo:

100. Alexandre
101. Superman - O retorno
102. Estrada para Perdição
103. Romeu & Julieta (1996)
104. Alfie - O sedutor
105. Piratas do Caribe - O Baú da Morte
106. Blade Runner - O Caçador de Andróides
107. Ben-Hur
108. Moulin Rouge - Amor em Vermelho
109. O grande truque
110. Lost (1ª Temporada)
111. Entre dois amores
112. Uma rua chamada pecado
113. 300
114. Longe do Paraíso
115. O labirinto do Fauno
116. A lista de Schindler
117. Assalto à 13ª DP

Foi um ano diferente, por alguns motivos. Um deles foi a aquisição de uma série de TV; até então só possuía filmes na coleção, mas Lost é um marco para mim, e com certeza terei todos os boxes de todas as seis prometidas temporadas. Um outro foi a crise econômica que me impediu de consumir como fazia antes, aliada a novas fontes de dispêndio de dinheiro típicas da idade.

Entretanto, para que reclamar? Aquela progressão tinha que ser interrompida mesmo, afinal haja dinheiro para manter um crescimento daqueles. Estou mesmo é muito feliz com minha coleção e apenas espero que 2008 venha mais recheado de novos filminhos para a prateleira de casa (porque na prateleira das lojas é o que não falta...).

Thúlio Carvalho

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Tapa-buracos

Para ver se começamos o ano em melhor sintonia com esse blog, vou postar todos os filmes a que assisti em 2007 nos cinemas, claro. Com essa atualização, sinto como se tapasse os buracos que deixei no blog com a crise e o afastamento. Como a lista não é pequena, vamos logo à ela:

Janeiro
03/01 Por água abaixo (2x)
07/01 Diamante de sangue; Uma noite no museu
17/01 A menina e o porquinho (2006); O mar não está pra peixe; Eragon
24/01 O cavaleiro Didi e a princesa Lili; Silk – O primeiro espírito capturado; O dono da festa 2
25/01 Filhos da Esperança
26/01 A grande família – O filme; Déjà Vu; Perfume: A história de um assassino


Fevereiro
01/02 O ano em que meus pais saíram da férias; Anjos da vida – Mais bravos que o mar
02/02 Rocky Balboa
03/02 O último rei da Escócia; Apocalypto
14/02 À procura da felicidade
15/02 A conquista da honra; Antonia; Os infiltrados (6x); Diamante de sangue (2x)
22/02 Babel
23/02 Os infiltrados (7x)


Março
01/03 Dogão – Amigo pra cachorro; Turma da Mônica – Uma aventura no tempo
06/03 O ilusionista (3x)

07/03 Pecados íntimos; Operação: Limpeza; Os infiltrados (8x)
08/03 Os infiltrados (9x)
09/03 Pequena Miss Sunshine (3x); A Rainha
11/03 O corte; Happy Feet: O pingüim (2x); Motoqueiro Fantasma; Cartas de Iwo Jima; Letra e múscia
15/03 Norbit; Dreamgirls – Em busca de um sonho
21/03 Sangue e chocolate
25/03 Ponte para Terabíthia
28/03 Notas sobre um escândalo
29/03 O atirador; Deu a louca em Hollywood
30/03 300
31/03 Turistas


Abril
04/04 Borat – O segundo melhor repórter do glorioso país Cazaquistão viaja à América; Ó Paí, Ó
08/04 As férias de Mr. Bean; Caixa Dois
12/04 Arthur e os Minimoys; O bom pastor; A família do futuro; 300 (2x)
19/04 As tartarugas ninja – O retorno
23/04 Hannibal – A origem do mal; A colheita do mal
26/04 Maria Antonieta
29/04 Um beijo a mais; A estranha perfeita

Maio
02/05 Motoqueiros selvagens
03/05 Homem-Aranha 3
05/05 Baixio das Bestas (Festival Curta-se)
15/05 Homem-Aranha 3 (2x)
17/05 O cheiro do ralo; Minha mãe quer que eu case; Caçados
22/05 Primitivo
24/05 Piratas do Caribe – No fim do mundo
27/05 Piratas do Caribe – No fim do mundo (2x)

Junho
05/06 Miss Potter
07/06 Shrek Terceiro
09/06 Um crime de mestre
12/06 Alpha Dog
20/06 Shrek Terceiro (2x)
21/06 O hospedeiro (Cine Cult); Premonições
22/06 Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado
28/06 O tigre e a neve (Cine Cult); Extermínio 2

Julho
04/07 13 homens e um novo segredo
05/07 Lady Vingança (Cine Cult)
08/07 Ratatouille
10/07 Harry Potter e a Ordem da Fênix
11/07 Harry Potter e a Ordem da Fênix (2x); Zodíaco
12/07 Princesas (Cine Cult)
14/07 Transformers
19/07 Harry Potter e a Ordem da Fênix (3x)
26/07 Harry Potter e a Ordem da Fênix (4x)

Agosto
04/08 Harry Potter e a Ordem da Fênix (5x)
05/08 Quebra de confiança; Duro de matar 4.0
09/08 A esquiva (Cine Cult); Não por acaso
15/08 Dias selvagens (Cine Cult); Inesquecível; Ela é a poderosa
16/08 A volta do Todo-Poderoso; O despertar de uma paixão; Os Simpsons – O filme; Luzes do além
17/08 O ultimato Bourne
18/08 Que fiz eu para merecer isto? (Cine Cult)
20/08 O ex-namorado da minha mulher; Sem reservas; A morte pede carona

Setembro
04/09 Espíritos 2 – Você nunca está sozinho
05/09 Possuídos
06/09 O violino (Cine Cult)
11/09 Paranóia
20/09 Cidade dos homens; Licença para casar
25/09 Eu os declaro marido e... Larry!; Primo Basílio
29/09 As leis de família (Cine Cult); O homem que desafiou o diabo; Nunca é tarde para amar; Os mensageiros
30/09 A Bela e a Fera (2x); Bambi


Outubro

03/10 O vigarista do ano
04/10 Saneamento básico, o filme
07/10 Mimzy – A chave do universo
08/10 Rogue: o assassino
10/10 Fora do jogo (Cine Cult); A hora do Rush 3
12/10 Hairspray – Em busca da fama
13/10 Instinto secreto; Superbad – É hoje
14/10 Vira-lata; Stardust – O mistério da estrela; Putz! A coisa tá feia; Ligeiramente grávidos; Tropa de Elite
15/10 A última legião
22/10 O vidente; Tropa de Elite (2x)
24/10 Justiça a qualquer preço; Resident Evil 3: A Extinção
25/10 Bubble (Cine Cult)
27/10 Fabricando Tom Zé (Cine Cult)
29/10 Jogos Mortais IV


Novembro
04/11 1408
07/11 Morte no funeral
08/11 Bratz – O filme
09/11 Invasores
11/11 Antes só do que mal casado; Leões e cordeiros; Tá dando onda
18/11 2:37 (Cine Cult)
20/11 O passado
25/11 A morte de um bookmaker chinês (Cine Cult)
27/11 Os donos da noite
28/11 Deu a louca na Cinderela; Mandando bala
29/11 A loja mágica de brinquedos; Piaf – Um hino ao amor

Dezembro

02/12 A lenda de Beowulf; Sem controle
09/12 Uma mulher sob influência (Cine Cult); Bee Movie – A história de uma abelha
19/12 Planeta Terror
23/12 Podecrer!
25/12 A bússola de ouro
27/12 O fim e o princípio (Cine Cult); Encantada; Os porralokinhas
30/12 P.S. Eu te amo; A lenda de Beowulf (2x)


Infelizmente, muitos filmes que estrearam no país não chegaram às telas dos cinemas de Aracaju. Alguns dos que vi nem chegaram, e só consegui vê-los pois viajei a Salvador e aproveitei os filmes extras. Mas eu mesmo assim me divirto com os filmes que chegam. Impossível não notar meus pequenos exageros com Os infiltrados e Harry Potter e a Ordem da Fênix esse ano, filmes que vi 4 e 5 vezes, respectivamente, esse ano nos cinemas (isso sem contar em DVD, e no caso do primeiro, as outras cinco vezes que vi no ano passado).

Foram, enfim, 172 filmes assistidos à melhor maneira possível, na tela grande. Esse valor traz inclusas as repetições de filmes, afinal mesmo que seja o mesmo filme, a experiência é diferente. Foram 154 filmes novos, vistos pela primeira vez nos cinemas, sendo os meses de março e de outubro os mais agitados (e dispendiosos).

Thúlio Carvalho

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Crônica de um afastamento

O livro "O segredo" está fazendo o maior sucesso. Eu não o li, e pelo pouco que eu vi do "filme", não tenho tanta vontade assim de fazê-lo. O livro vende, pois, dicas para alcançar a felicidade por meio, entre outras coisas, da lei da atração. Primeiro, não acredito no alcance da felicidade; esta não deve ser alcançada, mas sim trilhada. Segundo, atração é o que tem faltado entre mim e esse meu querido fênix blog, sempre sendo ressucitado das cinzas com um texto como esse.

A repetição pode gerar efeitos construtivos, mas pode resultar em processo cansativo. Por isso, não queria mais uma vez dizer que meu tempo tem sido consumido pelas aulas, provas e outras atividades dispendiosas de tempo. Mas a repetição fica falha se parecer que esse tempo todo o afastamento foi por causa disso. Não foi, e não foi mesmo. A greve da universidade consumia meu tempo de outros modos. A verdadeira repetição surge, então, na preguiça que quebrava qualquer linha de atração para com este meu meio de publicação.

Filmes foram vistos, DVDs foram comprados. A paixão não diminui, ainda mais com o início da temporada pré-Oscar, já evidente desde pouco antes do festival de Veneza desse ano. Mas de qualquer jeito, dez filmes estão para serem vistos no cinema e quatro DVDs ainda encontram-se lacrados. A explicação está sim na velha repetição, mas também nas novas atividades assiduamente esxecutadas, como a academia e o curso de língua estrangeira. O primeiro consome energias físicas e psíquicas também, o que o segundo também faz em menor escala, nos esforços prazerosos de ambos.

Resolvi, então, em julho escrever sobre o filme "Transfomers", desde o que não escrevi mais nada. Francamente, eu mais do que ninguém sei o real porquê. Isso é óbvio, eu sei. Acontece que com opinião, na grande maioria das vezes, não consigo transpor realmente o que quero. E além disso, estaria eu certo em apenas achar mais do que avaliar ou em não saber onde um termina e o outro começa? Digo que não é simplesmente a preguiça de escrever. Esses pensamentos me consomem psiquicamente às vezes, e o escape perfeito sempre foi desconsiderar as avaliações.

Com o iminente término do período letivo, tenho absolutos planos de repetir as velhas premissas de pelo menos dar um parecer o mais curto possível sobre os filme que tenho visto. Quem sabe assim eu não atraia o bem-estar fílmico que espero desde minhas manifestações de crise cinematográfica aqui no site; uma crise localizada, seja aqui no espaço desse blog, seja no tempo que transcorreu até então. Crises devem ser sanadas, e o trajeto para isso conseguir só poderá vir, tenho consciência, na melhor felicidade cinematográfica.
Thúlio Carvalho

sábado, 14 de julho de 2007

Transformers

Transformers (Idem, EUA, 2007)
Acao - 144 min

O cinema eh defitivamente universal, assim como sao seus temas. O tema catastrofe jah eh ateh uma caracteristica da filmografia do diretor Michael Bay, que mesmo tendo relutado a aceitar esse projeto, decidiu aceita-lo e dar seu toque pessoal. O filme, entretanto, nao parece investir mais nesse tema, e sim no marketing (ai fica o trocadilho do investimento) e a comedia (muitas vezes ineficiente).

Extase visual era o que se deveria esperar desse filme. Com os 150 milhoes de orcamento, o longa capricha nos efeitos visuais que conferem perfeita mobilidade para os robos. Mas o dedo Michael Bay talvez ateh tenha diminuido esse provavel extase. A freneticidade da edicao e da camera, que nao permitem em diversos momentos entender o que estamos vendo na tela, simplesmente aborrece a visao. Esse eh o ponto mais importante do filme. Sendo assim, o resto realmente nao tem muita salvacao.

Talvez Shia LaBeouf se salve desse meio, afinal devo admitir que apesar das falhas de algumas piadas, ele sim eh uma parcela interessante do filme, comprovando sua ascendencia em Hollywood. A bela Megan Fox infelizmente soh favorece o quesito visual para os homens, no resto eh demasiadamente fraca. Nem acreditava que escreveria isso, mas John Turturo estah simplesmente caricato e intragavel, uma grande decepcao. O resto do elenco nao estah ruim, mas tambem nao faz nada demais. Para salvar um dos coadjuvantes, Bernie Mac faz uma aparicao rapida encenando uma parte comica que ateh dah certo. O que falar da historia quando a encontrada foi uma forma de aplicar varias propagandas de marcas com um filme no meio, como falam alguns criticos? Eh bem obvio o destaque em marcas de automoveis ou mesmo eletreoeletronicos, prestando uma certa reverencia a essas maravilhas sem as quais o mundo nao consegue mais viver, numa historia que de repente maquinas vem nos salvar e nos destruir. A ideia nao eh ridicula, afinal nao existe tal coisa. O problema eh a forma como ela foi abordada. Um tom de absoluto descaso cinematografico ou roteiristico, com injecao de altas doses de entretenimento bobo e infantil.

Depois do agradavel "A ilha" (e com a expectativa com a enorme bilheteria americana desse novo filme), Michael Bay decepciona com um filme sem historia convincente, com um final implausivel e feito para as grandes massas de adolescentes que soh querem ver mesmo as explosoes e os robos. E ele quer comecar a sequencia imediatamente. Espero que ele tenha lido algumas criticas.


Thulio Carvalho
Cotacao: 3,5/10

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Harry Potter e a Ordem da Fênix

Harry Potter e a Ordem da Fênix (Harry Potter and the Order of the Phoenix, EUA/Ing, 2007)
Aventura - 138 min

Nem mesmo a melhor magia pode controlar o emocional do mago. A evolução destinada a trama desse novo filme para a saga como um todo reside justamente nesse ponto chave da personagem Harry Potter. O garoto de 11 anos que descobre que é um mago não continua o mesmo.

Foram muitos os terrores já vividos, e mais alguns ainda estão por vir. Apesar da constante evolução no apsecto criança-adolescente que ocorre desde o terceiro (e melhor) filme, agora é que Harry encara um perigo mais avassalador. Ele não está ameaçado somente pela até recentemente ameaça de retorno do seu grande inimigo. Constatado o fato de que Voldemort finalmente retorna, a lembrança de tudo que aconteceu quando Harry era apenas um bebê gera medo nas autoridades do tão presente neste filme Ministério da Magia, que procura desmentir Harry (e Dumbledore) sobre esse retorno.

Todo esse apetrecho político foi até abordado como monótono no talvez mais fraco livro de J. K. Rowling, mas sucinta questões que servem bem ao filme. E como exemplo, temos a figura de Umbridge, a nova professora de Defesa contra as artes das trevas, que é na verdade uma espiã, por assim dizer, colocada na escola para controlar qualquer coisa que nào esteja indo de acordo com o que eles querem. E está em Umbridge, ou melhor, em Imelda Stauton, talvez a melhor coisa do filme. Sua incorporação da personagem é excelente, seu sorriso com nenhum humor por trás dele é ótimo. Atrevo-me a dizer que a sua talvez tenha sido a melhor atuação até hoje na série. E ao lembrar dela, lembro-me de dois itens do filme: a trilha sonora que não supera as criações de John Williams, mas mais agradáveis que a do filme anterior (incluindo o tema da própria Umbridge, que é ótimo); e a utilização de jornais como forma de contar detalhes que acontecem no mundo de Harry (devo admitir, porém, que quando utilizados no final do filme, não criam um efeito positivo).

As outras personagens são todas pouco exploradas, com exceção de Harry, é claro. Quem até talvez tenha mais espaço é Gary Oldman, um ótimo Sirius black, que encerra junto a Daniel Radcliffe a melhor cena do filme, em que ambos conversam sobre a família de Black e os sentimentos do próprio Harry. Daniel constrói um Harry que supera os dos outros filmes, esquecendo os maneirismos e expressões óbvios que adotou no quarto filme (depois de estar tão bem no terceiro filme). Adaptou-se o maior livro no mais curto filme até agora, mas isso não significou problemas na adaptação em si, apenas no ritmo rápido do filme. Não posso afirmar que o filme é perfeito porque a fotografia está longe de sê-la. David Yates optou pela câmera muito quieta e certa, nada como a beleza visual do Cuarón no terceiro filme.

Por algumas opiniões que já colhi, alguns se decepcionam com a frustada espera de um grande confronto envolvendo Harry no final do filme. Como leitor da obra, eu não me frustaria nunca, mas não há motivos pois o confronto está ali, só não envolvem varinhas ou feitiços. A história desse filme foi contada para chegar justamente a esse ponto, a essa nova vitória de Harry.


Thúlio Carvalho
Cotação: 7,5/10

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Homem-Aranha 3

Homem-Aranha 3 (Spiderman 3, EUA, 2007)
Aventura - 140 min

Eu geralmente não confio facilmente em minhas primeiras impressões. Aquele lema de que é esta impressão a que fica n
ão rola comigo. Em termos de cinema, todos têm expectativas a respeito do filme que vão ver. E em filmes como Homem-aranha 3 era de se esperar que minhas primeiras impressões não fossem consistentes, frente à alta expectativa que me acometeu. Felizmente, não foi o que ocorreu.

Uma sessão emocionante é o que se deve esperar do filme. Seja a emoção de alta adrenalina dos vistosos efeitos visuais, ou seja a emoção de bom drama do esforçado roteiro. Na verdade, rola uma química entre esses dois lados, tão forte principalmente em seu clímax, que acabamos suavizando os efeitos não tão espetaculares de certas cenas e umas falhas bem viciosas de condução e construção no roteiro. Mas isso é efeito de filme visto pela primeira vez. Como tenho o costume de rever e rever esses filmes, os defeitos sempre vão se avolumando. Ainda bem que guardo comigo parte das sensações da primeira assistida, nesse caso extremamente emocionante.

O diretor Sam Raimi soube se aproveitar das histórias anteriores e dos quadrinhos, criando uma enorme rede cheia de elos que culminam nos clímax. Se bem que às vezes esses elos são tão rapidamente concluídos para dar lugar a outros, dando uma sensação episódica, que o filme se torna longo até chegar na parte mais ágil do filme, na im
inência do clímax. Essa teia de elos se avoluma tanto que mesmo que chegue a momentos emocionantes, a necessidade de se chegar a algum lugar para cada elemento do vasto elenco parece mais um vício. Além disso, diversos destes são usados aqui, como flashbacks dentro do filme, resultado ou da falta de confiança no discernimento do espectador ou o discernimento próprio da citada grande extensão do filme. Por outro lado, já falei da alta dose de emoção que Raimi soube intercalar com a ação, mas não se pode esquecer da boa dose de humor em diversas cenas isoladas, que justamente existem para aliviar o drama, principalmente as do editor J. J, Jameson, sempre hilárias. Como é um filme blockbuster, o diretor tem a sábia decisão em termos financeiros de causar momentos de euforia com o humor, afinal a maioria dos pagantes foi para se divertir. Por isso, ressalto ainda mais porque foi tão bom ver a extensão do drama desse filme. Um drama de emoções complicadas que se estabelece de forma simples e eficiente. Os atores ajudam a empatia do espectador, com destaques para Thomas Haden Church, eficiente como o Homem-areia (numa história que acaba não tão bem colocada na trama), Kirsten Dunst, melhor do que nunca como Mary Jane, e claro Tobey Maguire, o aranha mais complexo de todos. Passando por momentos de elevada auto-confiança, para a arrogância e a redenção, o personagem-título só faz crescer diante do espectador.

A história sobre sucessivos pontos sem retorno que não impedem que o mais tênue e forte sentimento que move as pessoas prevaleça. Por esse ângulo, esse amor faz esquecer das cenas mais desnecessárias ou mesmo extensas demais (caso de algumas cômicas em que o sorriso já fica forçado no fim da cena). E foi esse amor que me levou a uma experiência muito emocionante no volumoso clímax do filme. Volumoso porque são tantas tramas que se unem que poderia dar bagunça. Entretanto, vêm junto com elas diversas emoções que afloram de cada canto da tela e que culminam ao som da já conhecida trilha sonora de Danny Elfman (que não voltou para esse filme) num excelente final. Por trás desse super-herói, podemos sim ver um ser humano, que trava batalhas ainda mais intensas para resolver o que tem dentro dele mesmo. Seja a redenção, o arrependimento ou a aceitação, o Homem-aranha fez de seus tempos mais difíceis, o melhor momento para crescer ainda mais como homem. E os silêncios das cenas finais ilustram isso. Aliás, por falar no final, virou moda nos blockbusters um nascer ou pôr-do-sol (nada contra, mas o de King Kong era bem mais magnífico) que resolvem surgir do nada, numa velocidade estupenda. Licença poética para os efeitos visuais? Não vamos nos aprofundar nessa discussão.

Apesar de sua extensão por causa de tantas histórias, a maneira como o lado mais emocional é abordado é um absoluto triunfo do filme, de Raimi e de seus atores. A intensidade e até profundidade desse lado é que ficam com o espectador, mesmo com o bombardeio de ótimos efeitos visuais. Todos nós deveríamos aprender com o Homem-aranha nesse conto de humanidade.
Cotação: 7/10
Thúlio Carvalho