terça-feira, 6 de março de 2007

O ilusionista

O ilusionista (The Ilusionist, EUA/Rep. Tcheca, 2006)
Drama - 110 min

Beleza visual e presenças marcantes fazem de O Ilusionista um filme que surpreende. E não me refiro a seu tão comentado desfecho, que não é o grande valor do filme.

Talvez um dos maiores prazeres do filme é a presença de Edward Norton, um daqueles atores que sempre serão chamados de "o melhor de sua geração", que por acaso andava sumido dos cinemas. Ele interpreta Eisenheim, o ilusionista que vira notícia em Viena pelos seus shows de ilusão. Não há artificialidade em sua composição. Quando ele ilude suas platéias vienenses, ele ilude - e encanta - as platéias do cinema também. Junto a ele o ótimo Paul Giamatti, sempre excêntrico, como o chefe de polícia Uhl. Devo dizer que não me encantei por Jessica Biel, afinal ela não faz nada de excepcional, mas consegue não se apagar perante tal dupla de atores. Em meio a esses personagens tem toda a trama de mágica, ilusão, golpes de poder, romance proibido, tudo muito bem organizado. A fotografia é bela, não há dúvida, bem como a trilha sonora de Philip Glass. Esta pontua muito bem os momentos de admiração dos feitos do ilusionista com uma música leve e triunfante.

Devo dizer que nem tudo é perfeito no mundo. Nem naqueles onde a ilusão impera. Apesar da ótima postura de não se preocupar em revelar os segredos dos truques, relevando acontecimentos fora dos palcos, o clímax destes é incompleto. Não nego que seja sensacional e que Eisenheim merece mesmo o título que possui. As revelações em flashback, supostamente imaginadas por Uhl, não agradam, já que não abre espaço ao espectador para fazer suas próprias conclusões, vencer sua própria ilusão. Além disso, Uhl foi só um meio de o roteiro tentar esconder sua pequena fraqueza em concluir sua ótima estória. É inevitável fazer uma comparação com o filme "O grande truque", do mesmo ano e de tema parecido (mágica), em que o público é tratado como inteligente.

Certamente, O Ilusionista é um filme marcante, sobretudo pelo seu forte personagem principal. Não há como negar a eficácia de sua parte mais técnica que chega a encantar em um filme independente. E mesmo com tanta pompa em se tornar um grande filme, a ilusão da grandiosidade foi quebrada pelo final, com ótima idéia, mas com má exposição.


Cotação: 7/10

Thúlio Carvalho

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